in O arranjador de palavras.
Trama
contra nós o poeta, tece a trama, põe a prova notívagos poemas.
Traçar
aqui o itinerário do tempo de um poeta, seria lugar comum, todos adjetivos
seriam poucos, nem isso nem aquilo. Cautela, ele está a organizar e arranjar
palavras.
Na gênese, no princípio era o caos
e ele habitava uma rua, sob um telhado qualquer, fel e mel no mesmo céu,
repetindo, tece a trama em nubívagos poemas.
Antrópico,
destila, reduz e retém o tempo. Reter o tempo no seu ínfimo tempo, - pois o
tempo também tem seu tempo -, suspenso no ar, caminha e desliza na dança da
luz, num átimo.
A
causa: um “A” e um “B”, gênese de tudo.
Como
responder-te? “Vais violar as primaveras verdejantes?” – como quer Maiakovski –
ou Vais organizar o caos? – como querem os Gregos -.
Ato I
Como
seria a minha vida se, numa noite a bordo do ônibus 255, Praça da Alegria,
movido pela curiosidade, tive a iniciativa de abordar um sabido poeta, morador a poucos passos
de casa.
Noite
adentro, a esquina da Goretti com a Agostinho Ferreira foi testemunha desse
encontro. Não tive a exata dimensão do que se‘avizinharia’ desse encontro, mas sei que ali
se instalaria a dimensão de um homem:
O
poeta, o prestidigitador nas horas vagas, o cantor e o ator. Artesão de todos
esses os ofícios.
Ato II
Consta
no Primeiro caderno do aluno de poesia José Carlos Cordeiro, ainda não o
“Arranjador’, escrito está:
“A”, com toda a glória de um “A”, viu ali o princípio do caos e o seu peso
abstrato.
Já o “B” tinha também a glória de um “B”, caos maior, juntou ao “A” o “B”, daí para o “Z” foi um pulo.
O
dervixe poeta, mal sabia que sentidos teriam, vai a esmo, ao léu, carrega as
tintas, derrama-lhe sentidos, dito assim parece fácil, mas e o caos?
Elegante
e generoso que é, põe de lado folhas caóticas, organiza o caos.
Tartamudeando,
portou palavra e lâmina, usou as duas – não necessariamente nessa ordem –
do bolso sacou lírios e vidros, ofertou-os sem pedir nada em troca, não há o
que entender, há o que pensar. Não me venhas com definições! Sou o que sou,
“Narciso dos pretos.”
Ato III
Alumbramento
é o que há e reside em O Arranjador de palavras.
Ato IV
“Ela
ficou a pensar e a pensar eu também me pus”
Ambos,
poeta e poesia gladiaram os sentidos do pensar, degrau a degrau, verso a verso,
ouve-se música, ainda que a palavra tenha o cortante sentido, sai suave, de tão
leve flutua azulando o ar. O tempo! O tempo parou, repito, retém-se o tempo, o
instante fixa-se. Eis o instante! Foi-se, durou o que durou, mas a música ficou.
“...Perduro no âmbito das palavras
Nascidas
da falta
De
silêncio do nada”
Ato V (dos conselhos dos poetas)
O
velho poeta, aconselha: Encontrar uma janela favorita e ler até arderem os
olhos,
dos
teus poemas favoritos.
Um
poeta concreto, determina: Escalar até doer-te os pés,
dos
teus poemas favoritos.
Um
poeta métrico, calcula: Medir lágrimas e pesar sorrisos,
dos
teus poemas favoritos.
Ato VI
O
indelével “A”, persiste, o caos agora é alegoria, é só o “A”, o derradeiro “A”,
se assemelha ao primeiro, porém com a cor, a música e seus fabricos. Agricultor
e Arranjador de Palavras, soletradas no arado da garganta, semeadas em folhas,
são flores e seus perfumes, ditas a seu tempo, ao seu ritmo, são límpidas,
alimento aos olhos e ouvidos. A colheita é farta!
Bem-vindos
aos Arranjos, letra e música.
CELIO ANTONIO MANSO
Um golpe de carinho.
ResponderExcluirSegue meu irmão, segue!
Deixa teu rastro,
sopra aos ouvidos versos e versos.
Suave é tua música e fala.